domingo, 7 de fevereiro de 2010

Dividindo um pedaço de mim

(vou dar uma fugidinha do tema principal do blog, mas preciso desnudar o pedaço mais lindo das minhas lembranças cravadas fundo na alma)

Essa hora da noite e eu no msn, mas ainda bem que me trouxe bons frutos dessa vez.
Denise me veio com seu blog pra ler (http://www.sowellwellwell.blogspot.com/) e eu comecei a ler até que li a palavra chave: anjo. Bom, há quem tenha seu anjo na vida, e eu tenho o meu. E quem tem um anjo sabe o valor que ele tem: incalculável e inexplicável, óbvio.
E além disso, há aqueles que não recebem o 'título' de anjo mas sem dúvida esculpem em nós de uma forma livre e única.
É a melhor coisa do mundo amar um amigo. Amar racionalmente e mesmo assim incondicionalmente. Às vezes se ama tanto, que não se é mais amigo. Vira parte do outro, sem que ele saiba ou sinta-se invadido, é preciso beber do que o faz feliz, e vê-lo feliz é só o que importa, mesmo que seja contrariando o seu conceito de felicidade para ele. Meu anjo pra mim é assim. E eu me sinto parte dele sem que ele saiba. É segredo, afinal meu anjo é humano e talvez seja tão turbulento quanto eu nessa vontade de ser parte, de ser tudo em um só, de proteger entre meus braços quando algo não corre bem.
Quem lê esse blog deve ter notado que este é meu assunto favorito.
E quem me conhece sabe que sou intensa, viva, forte e faço TODA a questão de marcar diferente todo mundo que o afeto me afeta.
(...)
Outra parte produtiva do msn foi essa:
"venho aqui desabafar, contar como ta. As vezes nem o povo mais perto daqui é assim comigo"
marquei mais um, ponto.
Mas, como assim? Que ponto? É um jogo?
Não, é claro que não é um jogo, não sou tão fria assim a ponto de jogar com almas que vivem e sonham assim como a minha.
Mas bom, eu marquei meu amigo, marquei outro lá, e outra, e outro, e outra...
Começo a acreditar em mim, já que é um número signicativo que me diz que eu tenho esse jeito/dom/sei lá o quê que faz isso.
E é tão importante saber que de alguma maneira estamos 'nos desfazendo' na memória dos outros, como a trilha de migalhas de João e Maria, talvez até com a turbulência da história.
Que turbulência? O caminho que não sabemos que estamos marcando alguém. E todos que marquei me disseram isso, e a revelação dessa noite me assustou. Sabe quando se deseja muito marcar alguém mas não sabe se isso acontece, e eis que a pessoa vem te revelar? Então, pensa no susto do pobre coração aqui.
Mas há algo que me aquece sempre que leio, e que é algo tão pessoal, mas de tanto valor que acho egoismo guardar tudo pra mim.
É uma carta e a resposta dela. Minha para meu ex professor de inglês do Tendência.
Em resumo na última oportunidade que eu tive eu descobri que ele era INCRÍVEL (assim mesmo, bem grande) e que eu setiria falta dele.
Fui somando todos os pedaços, quando ele ajudou meu amigo, quando deu aula, quando brigou comigo por eu não ficar quieta e tal...
E ele disse que a música que ele cantaria falava de amores a distância, e que era para nós (segundo ano) que não seríamos mais alunos dele.
Se mudei a carta, foi pouco. Mas o que eu quis dizer está intacto entre histórias pessoais (ainda em mim).

Abro para vocês então o meu relicário

“Hey there Delilah
don't you worry about the distance
I'm right there if you get lonely “

Primeiro, Miguel, quero dizer como me senti antes de tudo: quando vim estudar no Tendência este ano eu fiquei apreensiva já que estudei a vida inteira no mesmo colégio. Sabia que sentiria falta dos meus professores, dos meus amigos, de toda a minha rotina. E senti, mas aprendi a fazer deste colégio, assim como os professores e amigos, meu lar e família. E foi com a sua música no dia 13 de novembro que eu pude perceber e ter toda a certeza do quanto eu me apeguei a tudo que aconteceu este ano. E é claro que muitos deles eu verei ano que vem na sede da Vidal Ramos, mas eu não verei você.
Apesar de eu nunca ter dito, nunca ter demonstrado, ou até mesmo ter deixado pistas feito uma caça ao tesouro eu gosto muito de você e admiro a maneira como dá suas aulas. Se nunca disse, digo agora: você não apenas explica a matéria, você administra toda a aula com todos os seus exemplos, desde o Kildare até o seu apartamento vazio.
Sentirei sua falta ano que vem, falta das suas aulas e de você como pessoa, que sempre se mostrou solícito e disposto a ajudar. Peço desculpas por ter levado um ano inteiro para perceber o quanto você conseguiria me marcar.
Espero que com essa carta eu consiga transmitir toda a felicidade e até um pouco da angústia que senti ao ouvir você tocar e também que essa ‘história’ lhe ajude nos exemplos para aulas
futuras.
Beijos de uma aluna que levará para a vida inteira quem foi Miguel Arcanjo.

sua resposta:

Gostar não é a palavra. Vou ter que inventar uma nova palavra que represente a emoção que senti. Nossa!! E não foi só eu: Sheila, Marisa, alguns professores... todos se sentiram tocado com o que você disse.
Você simplesmente é um dos melhores seres humanos que já conheci. Muito obrigado pelas suas palavras, pelo seu carinho e consideração!!
Quem dera o mundo tivesse um pouco mais de pessoas com as suas características: pura, doce, INTELIGENTE, simpática e que parece ter prazer em fazer diferença positiva na vida das outras pessoas.
Te agradeço mais uma vez. Obrigado mesmo. Foi de certeza a melhor carta que um aluno já me escreveu, nos 12 anos que venho dando aulas!!Boas férias e continue sempre sendo essa pessoa maravilhosa que você é!!
Te amo de montão!
Um beijo imenso e saudoso.
Sinceramente,Miguel Arcanjo

e o vídeo para quem entende essa história de anjo, de deixar-se cativar, ou somente sentiu-se atraído com meu pedacinho de lembrança

http://www.youtube.com/watch?v=AqVxfsLAC10
(não, não sei colocar no blog, clica ali)

To de saída, quando sair apaga a luz
Beijos