quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

E eu te quero também

Se me queres nua, eu te digo: te quero nu. Arranca essas roupas surradas dos castigos da vida, das dificuldades do caminho e das desigualdade desse mundo cão. Deixa do lado de fora esse tênis sujo de passos indecisos e sem direção e entra. No meu espaço. No meu santuário. No meu abraço.
Te quero nu com a luz do celular iluminando teu sorriso com um vídeo de humor qualquer. Quero que tudo que invada meus olhos seja tua pele e tudo que invada meus ouvidos seja tua voz. E mais: que tudo que invada meu peito seja teu carinho torto e confuso a me dar vertigem de medo e de alegria. De eu não saber o que fazer a não ser continuar te vendo nu.
Te quero nu. Deixa eu ver essas marcas que, involuntariamente, você carrega na pele. Essas marcas das quedas de um menino que corria por aí descalço, com bola, bicicleta, skate, carrinho de rolimã. Deixa eu ver as tuas outras marcas, os desenhos que estão gravados a tinta na tua pele que contam um pedaço da tua história e da tua mente. Mente essa que talvez eu nunca consiga decifrar.
Te quero nu, iluminado apenas pela chama do cigarro que queima lentamente no parapeito da janela. Eu te admiro assim, de longe, vendo a tua calmaria e teu olhar distante. Esse olho distante que quando para em cima dos meus e ainda brilha. E me brilha. E depois são só sorrisos de gente que está ali pela boa companhia e pelo abraço familiar de quem já caminhou em corda bamba e sabe a dor e a delícia de derrubar casas por aí.
Te quero nu. Digo que é na tua pele que eu sinto o cheiro da vida. O cheiro doce que só uma alma atenta consegue perceber. Deixa que eu te percorra de beijos, de cabelos a fazer cócegas pela tua barriga magra. Deixa eu me perder no teu cheiro, no teu pescoço e no teu riso perdido num espaço que não se define geograficamente.
Te quero nu desses medos e dessas loucuras todas dessa cabeça inquieta e desse coração que insistem em não fazer pouso. Pausa e me causa vertigem de novo. Eu deixo. Eu aceito e pra mim tá tudo bem assim. Só segue sorrindo pra que meu caminho tenha luz.


Resposta ao texto
Como Eu Te Quero
Te quero ver nua, então solte esse cabelo. Eu quero ver como ele cai sobre seus ombros, para entender, como eles vão estar ao vento quando formos caminhar em um dia, ou quando você estiver ao meu lado e o vidro do carro estiver aberto.
Te quero ver nua, caminhando sobre as suas peças de roupas jogadas no chão, indecisa por não saber o que vestir. Te quero observar mordiscando os lábios, aflita, olhando pra mim incrédula em como eu posso ser tão inutil quanto possível! Não me leve tão à serio moça. Não estou sendo hipérbole quando te digo que entre todas essas suas escolhas de roupa, te prefiro nua, com as sardas dos seus ombros finos marcadas do sol, e as covinhas das suas costas sempre à mostra, como jóias coroando o final do seu dorso desenhado.
Te quero ver nua, então me conte tudo que está guardado dentro de você. Deixe que eu faça parte dos seus planos e dos seus desejos, que minha alma e a sua possam um dia formar outra moldada por nós. Não precisa ter medo, quero te defender de tudo que já passou, e das maldades que a vida ainda vai jogar em nossa direção. Quero ouvir todos os seus problemas, das amigas que não lhe ligam mais, até os antigos amantes que você já teve em sua vida. Não faço por controle, apenas por entender o que lhe fez fechar seu coração antes para que eu não te faça nenhum mal.
Te quero ver nua, pelada, á deriva, desmistificada, entregue inteiramente e jogada em meus braços. Te quero ver nua por dentro em toda a sua imperfeição, medo, e fatias de melancia suculentas te escorrendo pelos lábios e queixo. Risadas descontrolas. Te quero ver chorando encolhida no banheiro, te quero ver pulando de calcinha as 8h da manhã, te quero ver os gemidos abafados, os olhos revirados; te quero ver me aprisionando nessas suas amarras invisíveis. Te quero cantarolando minha música predileta no hall do elevador.
Te quero ver nua, despojada, simples, descomplicada. Quero que você seja quem é quando ninguém está te olhando. Espontânea, ingênua, inocente e automática. Dançando aquelas músicas das quais você se envergonha em admitir a si mesma que ainda gosta. Aquele seu eu sonhadora, uma tela que ninguém além de você conseguiria pintar. Seu eu história que um escritor inventa palavras pra lhe definir. Sua persona teatral que nenhuma premiação é o suficiente.
Te quero nua, no ápice da sua beleza pois você é linda, e nunca deixe que digam-lhe o contrário.