sexta-feira, 2 de abril de 2010

Todo labirinto tem seu minotauro

Ontem eu estava personalizando um presente e dei de cara com esta frase: Todo labirinto tem seu minotauro.

E é tão verdade, até o mais perfeito dos planos tem defeitos. Ou um defeito só, mas o tem. E se eu aprendi a lenda direito, o minotauro é o motivo para a entrada no labirinto. Mas entrar em algo desconhecido para encontrar algo mais desconhecio ainda e dar-lhe fim? É isso? E qual o propósito?
É só um minotauro, e tantos significados. É a falha, a busca, a chance, a escolha... é um motivo tão secreto que nem nós sabemos ao certo o porquê de estarmos buscando, almejando, planejando ou fazendo qualquer coisa que seja.
A falha: é o erro, não que isso signifique falta de acerto, é só um ponto preto em meio ao branco, é o lago do deserto, é a voz no silêncio, é o riso no choro. É o detalhe, a falta do que compõe um grupo maior. É o abismo que procuramos sem saber, e queremos a todo custo tampa-lo, mas ninguém nos contou que isto é impossível.
A busca: é o propósito, o reencontro dos trilhos do trem, é secretamente a aposta de tanta gente para que ao fim a tormenta chegue ao fim, é percorrer espaços desconhecidos atrás de algo que não se vê, não se toca, mas existe e espera por nós em algum lugar e que, ao encontrar, que seja o que Deus quiser. (ou quem você acreditar, só não encontrei frase clichê melhor).
A chance: é a esperança encubada, consentida, escondida, amarradinha e secretíssima. É a esperança de que a sensação estranha que às vezes aparece pare de aparecer e assim tudo acabe fluindo às mil maravilhas, que não haverá mais nós na garganta, um vazio e uma falta não-sei-do-que.
A escolha: é o mais abstrato de todos, é o ir e vir constantes, o silêncio e o barulho, o filme e o livro, a corrida e o cochilo, o inverno e o verão. É se dividir e se deixar dividir, é ficar em cima de uma corda e não saber pra onde ir, e que dó saber que ao escolher se descemos da corda ou continuamos caminhando(pra em algum momento TER que descer) que a escolha será feita e sem choradinha não tem volta, e que o minotauro nos espera no centro do labirinto.

Eu sou o meu labirinto e o meu minotauro. Assim, dando a mim mesma as minhas chances, vendo minhas falhas (e também tentando cobri-las a todo custo), e seguindo com o propósito que tenho em mãos agora, que pode não ser o mesmo amanhã de manhã. Infelizmente me mato todos os dias (meu labirinto enlouquecendo meu minotauro). Como? Ora, sempre que eu desisto de algo que eu sei que é essencial para mim. Sempre que sinto que tenho algo ao meu alcance e acaba indo embora, fugindo dos meus dedos e dos meus olhos, ficando inviável e eu precisando começar de novo, mesmo exausta, é nesse ponto que eu desisto. Desisto por segundos, se eu desistisse por tempo demais a felicidade desistiria de mim. E eu, acima de tudo, não sei e não posso desistir de mim mesma.

Agora eu me pergunto se o minotauro seria o mesmo sem o labirinto ou se o labirinto teria função sem o minotauro.
Seria?
Teria?

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