quinta-feira, 27 de maio de 2010

Estalos

Nothing's gonna harm you, not while I'm around.
Nothing's gonna harm you, no sir, not while I'm around.
Demons are prowling everywhere, nowadays,
I'll send 'em howling,
I don't care, I got ways.
No one's gonna hurt you,
No one's gonna dare.
Others can desert you,
Not to worry, whistle,
I'll be there.
Demons'll charm you with a smile, for a while,
But in time...Nothing can harm you
Not while I'm around...
Being close and being clever
Ain't like being true
I don't need to,
I would never hide a thing from you

Desculpe se eu esqueci que você ainda é um menino.
Desculpe se eu coloquei em você o fardo cansado do homem, acorrentando você às responsabilidades, à pressão do relógio, ao girar veloz do mundo bem debaixo dos seus pés; e achei que você estava completamente pronto para carregá-lo sozinho, sem ninguém, sem mim.
Sabe, você e eu, nós temos o mesmo "porém": querer crescer, amadurecer a todo custo e consequência. A culpa não é nossa, você também não quis que o mundo acelerasse e deixasse todos nós ainda de olhos deslumbrados para trás, cristalizando o mel da sua voz e roubando sem piedade a ternura dos seus olhos.
Eu sei - e de novo errei ao imaginar que você soubesse também - que não há justiça com aqueles que não podem ser soltos ao vão, levantar-se e aprender para acompanhar todos que já tiveram que aprender também, mas se esqueceram do quão difícil é subir uma escada íngreme sem corrimão.
Desculpe se achei que você pudesse preencher as minhas lacunas e reparar as minhas feridas. Como eu disse, são minhas, não são suas. Perdão. Mais uma vez eu achei que você era tão maior que eu que teria todas as respostas que eu não consigo por incompetência ou falta de experiência encontrar. Como pode um menino cuidar de outra menina?! Deveria poder, tem que poder.
Eu nunca vou te chamar de menino. E ferir esse seu orgulho de criança de que já é homem? Jamais, isso é tão engraçado olhando assim (assim como se olha um menino).
Eu sempre tive olhos de menina quando o assunto era você. Você era, se é que isto é possível, o inalcançável bem no meio das minhas mãos. E ao tentar chegar o mais perto de tudo que eu gostei em você eu quis amadurecer, e consegui em partes. Em partes porque todos aqueles que não buscaram pelo amadurecimento não me reconheceram mais, não viram mais o meu brilho de menina. Mas, oh, você sabe que eu ainda tenho esse briho, não sabe? Sabe que eu ainda olho o mundo com os olhos coloridos, olhos que eu não encontro mais em você. Olhos de homem em uma mente de menino.
Eu só espero que eu, mesmo assim menina tentando ser sólida (a mesma rigidez que eu vejo você) possa acolher você, possa te mostrar que nem tudo são espinhos, pedras, cinzas. Espero que eu possa acompanhar você amadurecer e ainda estar nos teus sorrisos de homem, que tenho certeza que serão muito mais bonitos do que os sorrisos de agora.

“Beijo, cuide-se (porque eu não posso cuidar de você a todo tempo)”

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