segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Eu, eu mesma, SEM Irene

Não pretendo falar de filmes desses estilo Jim Carrey nem sobre qualquer outro tipo de filme. Mas também não é um assunto que não pode ser observado em filmes (aliás, hoje em dia, o que não pode ser observado em filmes?). É que dia desses, andando na rua, vi umas três pessoas falando sozinhas. E se eu não fosse tão atenta e curiosa, teria passado sem notar, mas pensei: por que essas pessoas falam sozinhas? Será que elas não têm ninguém para conversar, ouvir seus problemas, medos, anseios, vontades e segredos?
Mas e eu? Ora, eu também falo sozinha às vezes, e não acho que não tenho ninguém para conversar. E também não acho que seja falta de confiança nessas pessoas que poderiam me ouvir. Só falo sozinha porque dá vontade, porque a voz saiu do nada, porque...? Por que mesmo? Na verdade verdadeira do fundo dos fatos, julgo que não sei a resposta. Não lembro a última vez que falei sozinha.
E se essas pessoas que eu vi falando sozinhas ao invés disso conversassem com alguém, mudaria alguma coisa? Será que os ouvidos e todos os sentidos fariam diferença para o conforto de quem se expõe ou são só uma farsa, uma mentira, uma desculpa esfarrapada para tudo isso? Porque afinal, quem pode me garantir que o ouvinte está 'prestando atenção' no que é dito? O ouvinte poderia estar preso no seu diálogo pessoal, não poderia?
No final das contas, nós somos os únicos que podemos nos garantir com confiança absoluta que nós nos ouviremos com toda a atenção que podemos dedicar, certo?
Iremos, desta maneira, em busca de nós mesmos, nosso personal ouvinte e platéia. Parece legal (pelo menos de uma primeira 'olhadela' eu achei). Mas há alguma maneira de nos encontrar sem nunca nos perder? E qual foi este momentos que nos perdemos sem sequer notar? E o que ficou enquanto nós estivemos 'fora'? Talvez tenha ficado um 'eu falso', uma casca que responde mecanicamente a tudo que acontece. E a vida que levávamos durante o 'eu falso', virou uma 'vida falsa' também? Mas como permitimos que tal afronta acontecesse dentro do que mais é nosso?
Lanço, assim como quem lança dados numa mesa de jogo com milhares de jogadores desejosos e angustiados, várias perguntas que talvez nunca tenhamos feito a nós mesmos. Mas a partir do momento em que conseguirmos pensar profundamente em cada ato, em cada palavra, no fundo de cada coisa que realizamos por aqui, acredito que seremos mais serenos, mais em paz com nós mesmos e consequentemente com os outros. Na verdade, não sei se acredito nisso, mas é nisso que eu quero acreditar (pelo menos agora).
E que tal invertermos os papéis? E se nós formos os ouvintes agora? Temos sido bons ouvintes? Ou será que somente boa farsa? Será que durante uma conversa com quem estimamos muito ou alguém que sem saber nós éramos tudo que ele tinha naquele momento, estivemos presos na nossa egoísta e machucada bolha pessoal? Falamos tanto daquilo que julgamos conhecer melhor e ser o mais interessante que esquecemos que os outros passam, sentem, ficam felizes e chateados da mesma maneira que nós?
E se formos refletir sobre isso agora, e pensar também nos momentos que descobrimos que não estávamos sendo ouvidos de fato, infelizmente é impossível não lembrar como isso machuca, como entristece notar que o valor que depositamos em alguém não é o mesmo que recebemos. Se tudo na vida é uma via de mão dupla, por que de um lado uns correm enquanto outros passeiam e verdadeiramente sentem? E por que oscilamos entre essas duas velocidades?
Mas afinal, o que há com o mundo? O mundo está ao contrário e ninguém reparou (novamente Relicário - Nando Reis). Eu estou tentando reparar, e principalmente ME reparar. Espero que vocês consigam responder as milhares de perguntas que fiz a nós todos (porque eu também não sei responde-las) e depois disso me conte se você se sente diferente, se seus ouvidos agora são plenos e se você descobriu em qual ponto se perdeu. Boa sorte nessa busca interna. Desejo o mesmo a mim.
Beijos pra quem adora baianos (HAHA)
E para todos aqueles que encontram aqui refúgio para suas fugas pessoais

Um comentário:

  1. Caramba, me impressiono cada vez mais com teus textos :O são ótimos, e fazem a gente pensar tanto :$
    Principalmente eesse, me "identifiquei", e fiquei me fazendo essas perguntas, e cooomo você, não consegui respondê-las..
    "dileeeema" :x

    Te Amo! Beeeijo!

    ResponderExcluir