segunda-feira, 13 de maio de 2013

Olhos falantes


Os olhos são a janela da alma... clichê, mas não menos verdade por isso, e mesmo assim também não tem como decretar como verdade absoluta.
Já devo ter em algum ponto discutido sobre verdade e suas variantes, não pretendo voltar a esse ponto.
Meu problema, ou minha salvação, são os olhos.
Sabe aquele tipo de pergunta de ping pong bem de revista de adolescente "qual sua parte do corpo favorita?"
É claro que eu gosto de todo o resto (não tem como não gostar, com todos os defeitos e imperfeições, ainda sou eu), mas os olhos... quão falantes! Quão sinceros, doces, carregados...
Quando eu me sinto pressionada, acuada num canto e sem alternativas, quando o mundo me faz calar, é só a boca que encerra. Não sei calar meus olhos, porque até fechados eles me denunciam.
Tremem, oscilam em pontos distintos, focam, secam, devoram, imploram...
Se eu me calo, gritam. Se meu chão vai embora, se perdem, oscilam, enuviam, ficam pulando de ponto em ponto sem sentido, sem rumo, feito tudo dentro de mim, que vai embora e me deixa no vazio das minhas palavras não ditas.
E como falam! Falam marejados de lágrimas, de pupilas dilatadas, de piscadas incessantes. Suplicam atenção como se falassem: aqui, aqui está a resposta! Maldito traidor e anjo protetor esses olhos. Num mundo onde pedem a todo instante a tal da sinceridade e da transparência, vocês são! E mesmo assim não compreendem, não leem, não decifram.

Porque se você souber ler meus olhos, saberá ler meu coração.

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